Comecei tocando o violão do meu pai, um Tonante azul, aos seis anos de idade. Ele me ensinou os primeiros acordes, Lá Menor e Ré Maior, dizia serem os mais bonitos. Nos fins de semana, abria seu toca-discos Phillips de maletinha, mono, fazia um churrasco, tomava uma bem geladinha e ouvíamos os vinis de José Rastelli, Dilermando Reis, Waldir Azevedo, Jacó do Bandolin, Silvio Caldas e mais um porção de Chorinho e Boemia. Depois ele pegava seu Tonante com cordas de aço Canário e tocava suas preferidas, com um vozeirão grave a la Nelson Gonçalves e com os seus oito filhos a sua volta. Essas foram minhas primeiras e maravilhosas influências.
Havia um cara no Bairro, chamado “Galena”, que tomava cachaça igual água, estava sempre feliz, era querido por todos e tocava os grandes clássicos do Chorinho e da Boemia como se estivesse brincando, sempre sorrindo e com uma precisão incrível, tanto no Cavaco como no Violão. Eu me perguntava: como ele consegue tudo isso? Desse enredo, nasceu minha vontade e depois necessidade de tocar e fazer música.
Lá no começo dos anos 80, tocava muita música americana nas rádios. Era o que eu mais ouvia, e gravava as preferidas direto do rádio em fitas cassetes, para tocar e cantar junto. Nessa época, meu irmão comprou uma Guitarra Fender Stratocaster japonesa por um preço e procedência duvidosos. Eu a ligava na entrada de microfone do aparelho de som do meu pai, aumentava o volume (no talo) até produzir uma saturação que já era o bastante para eu conseguir um som de Rock pancada, harmônicos e sustain infinito. Eu me sentia o Gary Moore com aquele som de transistor fritando. A vibração dos alto-falantes fazia as caixas andarem. Em seguida, ganhei um violão Giannini de minha madrinha, e esse meu irmão, já empregado, trazia livrinhos de música. Eu tocava e cantava todas de que eu gostava. Depois fui conhecendo melhor as Bandas Brasileiras: Barão Vermelho, Paralamas, Titãs, Lulu Santos, Rita Lee, Tim maia, Gil, Caetano, Chico Buarque e tudo o mais que rolava nesses tempos – o Roberto Carlos já estava no subconsciente. Eu tinha quase tudo pelos livrinhos.
Eu e alguns amigos de bairros vizinhos formamos o Dazaranha, hoje com 19 anos, e comecei a estudar música mais dedicadamente, sobretudo tocar guitarra e cantar. A partir daí, as influências foram se somando e até hoje não param. Acabei gostando de todos os gêneros musicais que conheci. Gosto de pensar que música boa não depende do segmento.
Por consequência do envolvimento com música, acabei me interessando e estudando sobre Gravação Digital, conhecimento que uso hoje em meus estudos, composições, pré-produções, arranjos, trabalhos de produção musical, gravações minhas e de outros artistas.
Com tanta tecnologia, o mundo às vezes parece pequeno, mas é infinito do ponto de vista musical. Existem muitos gêneros a serem explorados e entendidos. Viajo agora entre o acústico e o eletrônico, duas concepções que me apetecem e são praticamente opostas. Serão caminhos inevitáveis. Sinceramente, adoro o que faço.